terça-feira, 10 de setembro de 2013

Espionagem e Inteligência Competitiva, o caso Petrobras e o óbvio

Compartilho com vocês um interessante artigo publicado hoje nos Blogs da Exame, pelo Fábio Pereira Ribeiro, em que o trabalho de Inteligência Competitiva e a SCIP são citados.

O tema espionagem americana todos os dias gera “pano para manga”. E o mais engraçado, ou triste é ver a posição da Presidência da República que se posiciona de forma fraca e desconexa com o tema, ou pelo menos com a relevância que o mesmo tem para nossas questões de defesa.



Ontem, em mais uma ênfase jornalística da TV GLOBO e de Gleen Greenwald [foto], o programa Fantástico apresentou novos dados da espionagem americana, e agora o alvo foi a empresa brasileira, Petrobras. Bom, só para esclarecer o tema apresentado, além de fantasioso na forma, na verdade esconde algo já desenvolvido há mais de 30 anos por empresas americanas, e também pela própria Petrobras. Todas as empresas que se prezem, que são competitivas, e principalmente, multinacionais, desenvolvem atividades de Inteligência Competitiva, algumas vão além, com a espionagem industrial, que por sinal, segundo dados internacionais e até mesmo de organismos brasileiros, a espionagem industrial cresce 40% ao ano.

Por sinal, a atividade de inteligência competitiva já é desenvolvida no Brasil desde os anos 90, e por sinal no ano 2001 foi publicado no Brasil o primeiro livro sobre Inteligência Competitiva pela Editora Campus, escrito pelas autoras Elisabeth Gomes e Fabiane Braga, que por sinal as duas na época trabalhavam em órgãos de governo, Elisabeth como Assessora da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear, enquanto Fabiane como Assessora da Presidência da Comissão Nacional de Energia Nuclear, neste mesmo período, a própria companhia Petrobras já desenvolvia ações de inteligência competitiva.

Agora é muito piegas vermos o óbvio para um Chefe de Estado, como afirma a Presidente Dilma Rousseff, “espionar a Petrobras seria por razão econômica”, e para completar a forma em sua fraqueza de ação, está a afirmação em nota oficial dada agora no final do dia pela Presidência, “tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas”. Uma pergunta, isso já não deveria ter sido feito anos atrás? Por quê o Programa Nacional de Proteção ao Conhecimento (PNPC) da ABIN “patinha” nos corredores da agência e da própria Presidência?

A última nota oficial demonstra o quanto a Presidência da República não está sendo realista com os casos de espionagem e política internacional, como afirma meu coleta de Blogs da Exame Heni Cukler em seu blog Risco Político Global, no texto “Espionagem e a falta de realismo no Brasil”.

Mas perante o caso de espionagem sobre a Petrobras, na verdade a Presidência está esquecendo que a própria companhia, além de outras como por exemplo, Vale, Embraer, Natura, Embrapa, entre outras são potenciais companhias para o trabalho de inteligência competitiva e espionagem, além de terem estruturas próprias para isso também, pois a vantagem competitiva de muitas companhias no mundo inteiro depende de sua capacidade de antecipação em relação aos concorrentes, além de alta qualidade na produção de conhecimento sensível para o processo de inovação.

Inclusive, em 2002 foi publicado no Brasil, pela Editora Campus, o livro “Inteligência Competitiva na Prática – Estudos de casos diretamente do campo de batalha”, escrito pelos autores John E. Prescott e Stephen H. Miller, dois grandes nomes da Inteligência Competitiva Mundial e Membros da Sociedade Americana de Profissionais de Inteligência Competitiva. O livro é bem interessante sobre a atuação de diversas companhias americanas, e mundiais sobre suas atuações em inteligência e espionagem, inclusive de casos voltados ao setor de Petróleo e Gás, como por exemplo os casos da Shell e da Chevron.

O que mais me preocupa é o pensar somente no óbvio, ficar abismado, e não dar resposta clara no processo, ou ser efetivamente “realista” com a situação e desenvolver com força a atividade de inteligência. Se a Presidência tem alguma preocupação com o tema, resgate os estudos do professor Marco Cepik, ou ouça os profissionais da ABIN, que inclusive tem bons quadros, e posicione a atividade de inteligência no exterior. Ficar abismado com o assunto, na verdade demonstra para as espionagens americana, e também a chinesa (mais preocupante), francesa, alemã, inglesa, argentina, venezuelana, entre outras, que a Presidência do Brasil está sem informações estratégicas para a tomada de decisão, sem contar que demonstra que a Contra-Espionagem brasileira está enfraquecida.

E para aprofundar mais sobre o tema, não precisamos acompanhar a novela Snowden no Fantástico, mas sim acessar os links da Associação Americana de Profissionais de Inteligência Competitiva (SCIP), e também da Federação Americana de Cientistas (FAS). Por sinal, estas duas instituições já monitoravam a Petrobras e diversas companhias mundiais sobre o tema de Energia no mundo há muito tempo.

Se você se interessa pelo tema, não perca a oportunidade de participar do 5. Encontro Latino-americano de Profissionais de Inteligência Competitiva, que vai acontecer em São Paulo no início de outubro. Veja a programação completa do 5th SCIP Latam Competitive Intelligence Summit e garanta sua presença no mais importante encontro da comunidade de inteligência competitiva da América Latina.



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